Escola Secundária da Rainha Dona Leonor, Lisboa
Informação não tratada arquivisticamente.
Nível de descrição
Fundo
Código de referência
PT/MESG/RAE/ESRDL
Título
Escola Secundária da Rainha Dona Leonor, Lisboa
Datas descritivas
1949-[s.m.]-[s.d.] / 2008-[s.m.]-[s.d.]
Dimensão e suporte
422, 65 m.l.
Produtor descritivo
Portugal, Ministério da Educação, Direção Regional de Educação de Lisboa e Vale do Tejo, Escola Secundária da Rainha D. Leonor
História administrativa/biográfica/familiar
"O Liceu Rainha Dona Leonor foi criado em 1947, para funcionar na zona ocidental da cidade de Lisboa, e instalou-se no Palácio da Ribeira situado na Rua da Junqueira. A sua frequência era exclusivamente feminina. Em 1961 alojou-se no edifício que ainda hoje ocupa, no bairro de Alvalade, freguesia de S. João de Brito, em Lisboa.O atual edifício tem um formato em U e é constituído por três pisos, desenvolvendo-se de Nascente para Poente, tendo a sua fachada principal voltada a Norte. Nas traseiras, localiza-se a zona de recreio que acompanha todo o edifício.Após Abril de 1974, a população escolar passou a ser mista, tendo o termo Liceu dado lugar à designação Escola Secundária. Na atualidade, a Escola Secundária Rainha D. Leonor leciona o 3º ciclo do ensino básico 7º, 8º e 9º anos, ensino secundário 10º, 11º e 12º anos e ensino recorrente noturno (unidades capitalizáveis, módulos capitalizáveis, CEF e EFA). No ensino secundário, funcionam os quatro agrupamentos, na via do prosseguimento dos estudos, o Curso Tecnológico de Multimédia e o Curso Profissional de Técnico de Gestão e Programação de Sistemas Informáticos entre outros.A origem da Escola Secundária Rainha Dona LeonorA Escola com o nome de Dona Leonor, existiu primeiro noutro local de Lisboa, na Rua da Junqueira, entre as escadinhas de Santo Amaro e Belém, numa casa antiga cuja história vamos recordar. Foi só nos primeiros anos do século XVIII que o sítio da Junqueira, antes deserto de gente, começou a desenvolver-se. Prova disso foi a construção de uma casa aí, por um cónego principal da Sé de Lisboa, na qual trabalhou um arquiteto húngaro, Carlos Mardel ,que andara nas obras do Aqueduto das Águas Livres e que construiu o poço da referida casa.Em 1803, o edifício pertencia a uma família fidalga (do Conde de Cavaleiros, D. Gregório de Meneses). D. Gregório e uma sua irmã, Dona Eugénia, eram pessoas importantes na época e exerciam funções no Palácio onde vivia a Família Real portuguesa. Tendo pedido uma licença para passar algum tempo na casa do irmão, na Junqueira, certa noite a senhora desapareceu. Soube-se mais tarde que fora raptada por um médico e conduzida à cidade espanhola de Cádiz, em circunstâncias mal esclarecidas. O médico, embora ausente , foi julgado em tribunal e condenado à forca.Entre 1852 e 1912, morou na mesma casa da Junqueira um conhecido dramaturgo. Chamava-se D. João da Câmara . A casa tem, numa das paredes, uma pedra a assinalar esse seu inquilino.Mais tarde viveu lá o Visconde do Marco.Nas primeiras décadas do século XX instalou-se aí uma escola secundária, na altura designada Liceu, com o nome da Rainha Dona Leonor.Na década de 40, o Estado Novo projetou a construção do Bairro de Alvalade (entre a atual Avenida Brasil a norte; a linha férrea que atravessa a Avenida de Roma, a sul; a Avenida - do Aeroporto - Gago Coutinho, a este, e a Rua de Entrecampos - Campo Grande, a oeste) bairro modelo para a época, organizado segundo princípios internacionais a que deviam obedecer as cidades, estabelecidos num documento, de 1943, designado Carta de Atenas (as cidades devem ter em conta o bom funcionamento e qualidade de vida dos seus habitantes em quatro aspetos fundamentais: habitação, trabalho, circulação, divertimento).Nessa ordem de ideias, os habitantes do Bairro de Alvalade necessitavam, também, de escolas para os seus filhos. Foi assim que veio a surgir aí, um edifício para albergar o Liceu Rainha D. Leonor continuando a existir a escola na Rua da Junqueira durante pelo menos quatro anos devido ao aumento da população escolar. Na Rua da Junqueira continuou depois como estabelecimento de ensino mas com outro nome: Rainha D. Amélia.A rua, onde ainda hoje se encontra a nossa escola, adquiriu o nome de Maria Amália Vaz de Carvalho (1847-1921, escritora e pedagoga lisboeta , casada com o poeta, Gonçalves Crespo, com cuja colaboração escreveu "Contos para os nossos filhos", livro aprovado, pelo governo, com o objetivo de ser lido pelos alunos das escolas primárias ).A edificação da Escola obedeceu, por sua vez , às diretrizes da arquitetura e do desenho industrial (design) em organização após a 1ª Guerra Mundial, quando se firmava a ideia de que a qualidade dos edifícios, aliada à da produção industrial dos materiais, tinha muita importância no progresso social e na educação das comunidades.Assim, o edifício acompanha as grandes mudanças estabelecidas na arte no âmbito das duas guerras mundiais (a de 1914-1918 e a de 1939-1945). Insere-se na chamada arte funcional, tendência artística que parte do princípio de que, na arquitetura, na urbanização, no mobiliário, a forma deve estar perfeitamente adequada à função a desempenhar (na ESRDL ainda se pode verificar isto, por exemplo, no mobiliário da Biblioteca que, felizmente para o património de todos nós, se mantém quase sem alterações).Quanto à arquitetura (cujos projetos, no Bairro, estiveram a cargo de Jacobetty Rosa e Fernando Silva) podemos reconhecer influências em especial de dois grandes arquitetos do funcionalismo: o suíço Le Corbusier e o alemão Walter Gropius.O primeiro concebia os edifícios conciliando (a partir do emprego do retângulo) formas geométricas com as necessidades da vida humana. Foi com a forma de dois retângulos organizados em L que nasceu a nossa Escola (atualmente organiza-se em três retângulos porque em fins dos anos 60/70, do século XX, foi construída a parte nova, a Este, tapando a comunicação visual com o parque INATEL - Estádio 1º de Maio). Essa alteração pode inclusive explicar um defeito estrutural que a Escola inicialmente não tinha: o da repercussão excessiva dos sons do pátio, nas salas de aula.O cuidado com os aspetos humanos aliados à construção pode reconhecer-se, por exemplo, na disposição dos laboratórios e das salas de aula , estas últimas predominantemente viradas a sul para serem aquecidas pelo sol durante o inverno. Por serem utilizados com menor permanência e mais facilmente se suportar, aí, o frio, os diversos laboratórios de ciências foram colocados do lado norte assim como as salas de professores e da direção.São também reconhecíveis preocupações com o aproveitamento correto da luz nas salas de aula incidindo, para os alunos, a partir da esquerda de modo a não prejudicar a visão aplicada aos trabalhos escolares. O doseamento dessa mesma luz fazia-se, primitivamente, através de persianas interiores laminadas na horizontal.A construção de escolas estava regulamentada, na época, embora as regras estabelecidas nem sempre tenham podido ser aplicadas de forma tão perfeita como aqui. A boa arrumação das salas foi também prevista tendo sido equipadas com bengaleiros de madeira, ao correr da parede no seguimento da porta, entretanto arrancados para dar lugar a mais alunos. A Escola foi inaugurada no ano de 1961 como escola feminina, conforme os usos daquele tempo, correspondendo , no Bairro de Alvalade, ao liceu masculino Padre António Vieira cujos alunos quotidianamente se podiam ver na Rua Maria Amália Vaz de Carvalho, à espera das suas colegas. O segundo grande arquiteto que atrás referimos, W. Gropius, fundador da importante escola de arquitetura designada BAUHAUS defendia a integração dos edifícios no ambiente natural (o que na ESRDL se aplicou através do prolongamento pelo parque INATEL, antiga FNAT, - dado que inicialmente a Escola era aberta desse lado - e ainda pelo restante enquadramento de árvores e arbustos). Outro aspeto defendido por Gropius era a abertura dos edifícios ao exterior pelo emprego do vidro nas fachadas, o que acontece largamente na Escola Rainha D. Leonor cujo projeto é da autoria do arquiteto Augusto Brandão sendo a área verde da responsabilidade do engenheiro agrónomo Caldeira Cabral.No átrio principal destaca-se um conjunto escultórico magnífico da autoria de Mestre Soares Branco. O referido conjunto é composto pela estátua da Rainha D. Leonor, pelo camaroeiro e pela imagem do confessor da Rainha - Frei Miguel Contreiras - enquadrada por algumas das obras de Misericórdia."
Âmbito e conteúdo
O fundo da Escola Secundária da Rainha D. Leonor é constituído por 39 séries documentais pertencentes a 7 secções: Administração e Gestão; Funcionamento Geral; Recursos Humanos; Recursos Financeiros; Ação Social Escolar; Atividades Científico-Pedagógica; Pessoal Discente.Inclui fotografias a preto & branco.
Sistema de organização
A organização das séries documentais inventariadas segue a estrutura adotada pela Portaria de Gestão de Documentos n.º 1310/2005, de 21 de Dezembro.
Condições de acesso
Documentação sujeita a autorização para consulta.
Idioma e escrita
Português
Características físicas e requisitos técnicos
Bom estado de conservação
Localização
Arquivo em fase de instalação definitiva
Notas de publicação
Referência bibliográficaMOGARRO, Maria João - Arquivos e Educação: a construção da memória educativa. In Sísifo: Revista de Ciências da Educação. Lisboa. N.º 1 (Set./Dez. 2006). P. 71-82. O artigo pode ser consultado em www.sisifo.fpce.ul.pt/pdfs/01sisifopt06.pdf.
Entidades detentoras de unidades arquivísticas associadas
Portugal. Ministério da Educação. Secretaria-Geral. Direção de Serviços de Documentação e de Arquivo